domingo, 15 de janeiro de 2012

Rubem Fonseca

José Rubem Fonseca (Juiz de Fora, 11 de maio de 1925) é um escritor e roteirista de cinema brasileiro.

É formado em Direito, tendo exercido várias atividades antes de dedicar-se inteiramente à literatura. Em 2003, venceu o Prémio Camões, o mais prestigiado galardão literário para a língua portuguesa, uma espécie de Prémio Nobel para escritores lusófonos.

Biografia
Graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade Nacional de Direito da então Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Em 31 de dezembro de 1952 iniciou sua carreira na polícia, como comissário, no 16º Distrito Policial, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Muitos dos fatos vividos naquela época e dos seus companheiros de trabalho estão imortalizados em seus livros. Aluno brilhante da Escola de Polícia, não demonstrava, então, pendores literários. Ficou pouco tempo nas ruas. Foi, na maior parte do tempo em que trabalhou, até ser exonerado em 6 de fevereiro de 1958, um policial de gabinete. Cuidava do serviço de relações públicas da polícia.

Em julho de 1954 recebeu uma licença para estudar e depois dar aulas sobre esse assunto na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. Na Escola de Polícia destacou-se em Psicologia.
Contemporâneos de Rubem Fonseca dizem que, naquela época, os policiais eram mais juízes de paz, apartadores de briga, do que autoridades. Rubem Fonseca via, debaixo das definições legais, as tragédias humanas e conseguia resolvê-las. Nesse aspecto, afirmam[quem?], ele era admirável. Escolhido, com mais nove policiais cariocas, para se aperfeiçoar nos Estados Unidos, entre setembro de 1953 e março de 1954, aproveitou a oportunidade para estudar administração de empresas na New York University. Após sair da polícia, Rubem Fonseca trabalhou na Light até se dedicar integralmente à literatura.

Reconhecidamente uma pessoa que, como Dalton Trevisan, adora o anonimato, é descrito por amigos como pessoa simples, afável e de ótimo humor.

As obras de Rubem Fonseca geralmente retratam, em estilo seco e direto, a luxúria e a violência urbana, em um mundo onde marginais, assassinos, prostitutas, miseráveis e delegados se misturam. A história através da ficção é também uma marca de Rubem Fonseca, como nos romances Agosto (seu livro mais famoso) em que retratou as conspirações que resultaram no suicídio de Getúlio Vargas, e em O Selvagem da Ópera em que retrata a vida de Carlos Gomes, ou ainda A Cavalaria Vermelha, livro de Isaac Babel retratado em Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos.

Criou, para protagonizar alguns de seus contos e romances, um personagem antológico: o advogado Mandrake, mulherengo[evite gíria], cínico e imoral, além de profundo conhecedor do submundo carioca. Mandrake foi transformado em série para a rede de televisão HBO, com roteiros de José Henrique Fonseca, filho de Rubem, e o ator Marcos Palmeira no papel-título.

Sendo profundamente interessado na arte cinematográfica, escreve também roteiros para filmes, muitos premiados.

É viúvo de Théa Maud e tem três filhos: Maria Beatriz, José Alberto e o cineasta José Henrique Fonseca.

Obras
Romances
O caso Morel (1973)
A grande arte (1983)
Bufo & Spallanzani (1986)
Vastas emoções e pensamentos imperfeitos (1988)
Agosto (1990)
O selvagem da ópera (1994)
O doente Molière (2000)
Diário de um fescenino (2003)
Mandrake, a bíblia e a bengala (2005)
O Seminarista (2009)
José (2011)

Contos
Os prisioneiros (1963)
A coleira do cão (1965)
Lúcia McCartney (1967)
Feliz Ano Novo (1975)
O cobrador (1979)
Romance negro e outras histórias (1992)
O buraco na parede (1995)
Histórias de amor (1997)
A confraria dos espadas (1998)
Secreções, excreções e desatinos (2001)
Pequenas criaturas (2002)
64 Contos de Rubem Fonseca (2004)
Ela e outras mulheres (2006)
Axilas e Outras Histórias Indecorosas (2011)

Outros
O homem de fevereiro ou março (antologia, 1973)
E do meio do mundo prostituto só amores guardei ao meu charuto (novela, 1997)
O romance morreu (crônicas, 2007)

Prêmios
Coruja de Ouro pelo roteiro de Relatório de um homem casado, filme dirigido por Flávio Tambellini
Kikito do Festival de Gramado, pelo roteiro de Stelinha, dirigido por Miguel Faria Jr.
Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte pelo roteiro de A grande arte, filme dirigido por Walter Salles Jr.
Prêmio Jabuti

Citações
"Neste momento estou desenvolvendo o começo da história que iniciei com o título que lhe deu o sopro inicial de vida. No quiosque de livros da praça li um poema no qual o autor (roubei dele o título da minha história) diz que o mundo é doloroso, os seres humanos não merecem existir e ele, poeta, suspeita que a crueldade da sua imaginação está de certa forma conectada com seus impulsos criativos. Matar a velha, não a crueldade, como disse o poeta, mas a força do meu ato e não apenas da minha imaginação foi a impulsão que fará de mim um verdadeiro escritor. Tenho, agora, o começo, tenho o meio e o fim."

"Pois o belo muda, o saber muda, a inteligência muda, a medida muda. Mas o desejo é inalterável."

"Era um pacto de incêndio, contra esse espaço de rotina cinzenta entre o nascimento e a morte que chamam vida."

"Numa separação, aquele que não ama é o que diz as coisas carinhosas"

"Ao se misturarem, as salivas adquirem um paladar inefável, comparável apenas ao néctar mitológico"

"Tenho ginásio, sei ler, escrever e fazer raiz quadrada. Chuto a macumba que quiser. "

"O pecado é mais saudável e alegre do que a virtude. Aqueles que trocam o vício pela beatice tornam-se velhos feios e desagradáveis."

"Tinha muitas idéias na cabeça, e isso me atrapalhava. Os melhores conferencistas são aqueles de uma única idéia. Os melhores professores, os que sabem pouco."

"Escrever é tomar decisões constantemente."

"Rir é bom, mas pode foder a vida de uma pessoa"

"...era um tipo comum de mãe altruísta que se sacrifica pela família e,em troca, cobra de todos total submissão as regras e valores que estabelece arbitrariamente."

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