Nascido no seio da erudita família de classe-média do senhor Ludvik Kundera (1891-1971), um pupilo do compositor Leoš Janáček e um importante musicólogo e pianista, o cabeça da Academia Musical de Brno de 1948 à 1961. Kundera aprendeu a tocar piano com seu pai. Posteriormente, ele também estudou musicologia. Influências e referências musicológicas podem ser encontradas através de sua obra, a ponto de poder-se encontrar notas em pauta durante o texto.
O autor completou sua escola secundária em Brno, em 1948. Estudou literatura e estética na Faculdade de Artes da Universidade Charles mas, depois de dois períodos, transferiu-se para o curso de cinema da Academia de Artes Performáticas de Praga onde realizou suas primeiras leituras em produção de scrpits e direção cinematográfica.
Em 1950, foi temporariamente forçado a interromper seus estudos por razões políticas. Neste ano, ele e outro escritor tcheco - Jan Trefulka - foram expulsos do Partido Comunista Tcheco por "atividades anti-partidárias". Trefulka descreveu o incidente em uma de suas novelas, Kundera usou o incidente como inspiração para o tema principal de seu romance A Brincadeira, de 1967.
Em 1956, porém, Kundera foi readmitido no Partido Comunista. Em 1970, porém, foi novamente expulso. Kundera, assim como outros artistas tchecos como Václav Havel, envolveu-se na Primavera de Praga de 1968. O período de otimismo, como se sabe, foi destruído no agosto do mesmo ano pela invasão soviética com exercito do Pacto de Varsóvia à Tchecoslováquia. Kundera e Havel tentaram acalmar a população e organizar um levante reformista frente ao totalitarismo comunista da União Soviética. Permaneceu neste intento até desistir definitivamente, no ano de 1975.
Vive na França desde 1975, sendo cidadão francês desde 1980. Seus romances geralmente tratam de escolhas e decepções. Em seus livros é recorrente a crítica ao regime comunista e à posterior ocupação russa de seu país, em 1968, quando foi exilado e teve sua obra proibida na então Tchecoslováquia. Entre outros prémios, Milan Kundera recebeu, pelo conjunto da sua obra, o "Common Wealth Award" de Literatura (1981) e o "Prémio Jerusalém" (1985). Sua obra principal, "A Insustentável Leveza do Ser" ganhou em 1988 uma adaptação para o cinema, sob a direção de Philip Kaufman e com Daniel Day-Lewis, Juliette Binoche e Lena Olin no elenco. Recebeu 2 indicações ao Oscar e reconhecimento mundial. Desde então Milan Kundera nunca mais autorizou a adaptação cinematográfica dos seus romances.
Obra
Em seu primeiro romance, "A Brincadeira", Kundera faz uma sátira da natureza do totalitarismo do período comunista. Por força de suas críticas aos soviéticos, Kundera foi adicionado à lista negra do partido e suas obras foram proibidas imediatamente após a invasão soviética.
Após se mudar para a França, Kundera escreveu O Livro do Riso e do Esquecimento no ano de 1979. Constituindo-se de uma inusitada mistura de romance, contos curtos e ensaios do próprio autor, o livro ditou o tom de suas obras pós-exílio.
No ano de 1984, Kundera escreveu A Insustentável Leveza do Ser, seu trabalho mais popular. O livro é como uma grande crônica acerca da frágil natureza do destino, do amor e da liberdade humana. Mostra como uma vida é sempre um rascunho de si mesma, como nunca é vivida por inteiro, como o amor pode ser frágil e como é impossível de repetir-se. A obra, sucesso de público e crítica, ganhou sua versão cinematográfica no ano de 1988. Porém Kundera proibiu, a partir de então, a adaptação cinematográfica de seus outros livros.
Em 1990 Kundera escreve A Imortalidade. O romance é o mais "cosmopolita" até então, sem situar o enredo dentro do universo social e político da República Checa como fizera até então. Possui um conteúdo explicitamente filosófico e pode-se dizer que é o início de uma segunda fase da obra do autor.
Kundera reafirma publicamente que deseja ser entendido como um romancista em termos gerais, não um escritor político. É notório que o conteúdo político foi, a partir de A Imortalidade, substituído pela temática filosófica. O estilo de Kundera, entrelaçando digressões e ensaios filosóficos é grandemente inspirado em Robert Musil, Henry Fielding e na prosa do filósofo Friedrich Nietzsche.
Principais obras
Contos
Risíveis Amores (1969)
Ficção
A Brincadeira (1967)
A Vida Está em Outro Lugar (1973)
A Valsa dos Adeuses(1976)
O Livro do Riso e do Esquecimento (1978)
A insustentável leveza do ser (1983)
A Imortalidade (1990)
A Lentidão (1995)
A Identidade (1998)
A Ignorância (2000)
Teatro
Jacques e seu mestre, homenagem a Denis Diderot em três actos (1981)
Ensaios
A Arte do Romance (1986)
Os testamentos traídos (1993)
A Cortina (2005)
Um encontro (2009)
Citações
Os arquivos da policia são nosso único passaporte para imortalidade.
O homem, essa criatura que aspira ao equilíbrio, compensa o peso do mal com que lhe partem a espinha, com a massa do seu ódio.
São precisamente as perguntas para as quais não existem respostas que marcam os limites das possibilidades humanas e traçam as fronteiras da nossa existência
A unicidade do "eu" se esconde exatamente no que o ser humano tem de inimaginável. Só podemos imaginar o que é idêntico em todos os seres, o que lhes é comum. O "eu" individual é o que se distingue do geral, portanto o que não se deixa adivinhar nem calcular antecipadamente, o que precisa ser desvendado, descoberto, conquistado no outro.
Tinha lágrimas nos olhos e estava infinitamente feliz por ouvi-lo respirar a seu lado.
O homem pode por fim à sua vida, mas não à sua imortalidade
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