quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Exit Through the Gift Shop

 O documentário, dirigido pelo elusivo artista de rua Banksy (aquele, da introdução polêmica dos Simpsons), narra a surpreendente história, supostamente real, de Thierry Guetta, um videomaker francês vivendo em Los Angeles que é convidado a registrar os expoentes da street art com o intuito de realizar um filme sobre eles. "A street art, diferente de pinturas a óleo sobre tela ou outras obras feitas para durar, tem vida curta. Precisávamos de alguém que soubesse usar uma câmera para documentá-la", comenta Banksy no vídeo.

Porém, depois de acompanhar Banksy e outros artistas ao longo de meses, Guetta, cujos filmes são inassistíveis, decidiu tornar-se ele próprio um street artist. De registrador ele passa a ser o registro.


Acompanhar o processo "criativo" de Guetta, que assume a alcunha Mr. Brainwash, é uma mistura de fascínio e ojeriza, um acidente automobilístico em stêncil. O emergente artista enche um galpão com telas e gravuras, monta suas próprias - e pífias - reinvenções da Pop Art, cria reproduções "exclusivas" de sua obra dirigindo um velocípede enquanto besunta tinta sobre elas e espalha rios de spray por qualquer superfície sem conceito ou direcionamento. O ex-videomaker claramente não sabe o que está fazendo, tanto que contrata outras pessoas, talentosos designers e ilustradores, para realizar sua exposição sob sua alucinada direção.

A segunda metade da produção acompanha os preparativos para a grande exposição de Mr. Brainwash, alardeada pela mídia depois que uma citação fora de contexto do próprio Bansky é empregada na divulgação. E o risível artista subitamente toma de assalto o mundo das artes, gerando milhões...

Especula-se que a história toda seja uma grande farsa criada por Banksy. É tudo perfeito demais, engraçado demais. Guetta se acidenta, bate a cabeça em postes, derruba um latão de tinta cor-de-rosa dentro de seu carro... é um Buster Keaton das artes. A própria natureza contestadora do trabalho de Banksy, que critica de maneira bem-humorada a sociedade e o governo, seria indício dessa peça que ele, agora como cineasta, teria pregado no mundo das artes. O personagem Mr. Brainwash seria a maior de todas as obras do inglês, portanto, e Exit Through the Gift Shop, seu Bruxa de Blair.

Mas independente da veracidade ou não do documentário (?), o filme cumpre o que se propõe: inicia, com um atônito sorriso, um debate sobre a arte nos dias atuais.

Crítica: Érico Borgo/Omelete


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