domingo, 15 de janeiro de 2012

Cinema Paradiso

O que dizer de Cinema Paradiso? Que é o melhor filme italiano já produzido – que eu vi, e dificilmente mudará – e um dos melhores de todos os tempos, que é o melhor filme já feito sobre cinema? Que foi injustiçado no Oscar por só ter ganhado o de Melhor Filme Estrangeiro, e não ter arrebatado Oscars que nem sequer foi indicado, como Filme, Direção, Ator, Roteiro, Trilha Sonora entre outros? Não há necessidade de dizer, pois todos que viram o filme já sabem, e quem se interessa pelo filme também. Sim, Cinema Paradiso é tudo isso e mais um pouco. É de fato merecido um dos favoritos de quase todos que assistiram e se deleitaram com a vida de Totó e de seu amigo inseparável na juventude, Alfredo.


Uma homenagem ao cinema, uma homenagem ao mundo, aos atores e diretores. Uma homenagem a uma paixão que o inspirou, assim como Quase Famosos é para música, esse é para o cinema. Gigante. Bonito. Uma viajem pela história do cinema vista pela vida de simples pessoas que amam o cinema acima de tudo e que encontram através dele um ponto em comum em suas vidas árduas, em seus sofrimentos. O cinema é experiência, é vida, é um modo de viver e de sentir, e isso te ajuda a te engrandescer, tamanha a mudança que certos filmes podem te causar. Isso é cinema, isso é arte, isso é a proposta de Cinema Paradiso, conquistar o mundo, o cinema e principalemnte os amantes da sétima arte.

É também uma história de relacionamentos, entre um senhor e uma criança, juntadas pelo cinema. Desde quando idade é algo significante? Uma das mais belas amizades do cinema é entre Totó e Alfredo. O sussurro de Alfredo no ouvido de Totó é algo capaz de mostrar como há amor entre amigos, entre pessoas que se importam. O desejo de ver o outro prosperar, a sagacidade da mente humana. O cinema e o que ele traz é sinal de fantasia? Ou não? É o que cabe a nos abstrair do filme. Porque o cinema não é apenas um esconderijo de nossas vidas vazias.

Uma fábula magnífica e emocionante contado esplendorosamente pelo ótimo diretor italiano Giuseppe Tornatore, que depois de concluir sem sombra de dúvida sua obra-prima e um dos melhores filmes de toda história do cinema, faria ainda o grandioso "A Lenda do Pianista do Mar" e o ótimo "Malena". Tornatore provavelmente é o melhor diretor italiano da atualidade, e como seus filmes são baseados em roteiros próprios, Tornatore consegue fabulosamente transmitir a sensibilidade e emoção de cada personagem, e em nenhum momento o filme se perde, sempre contínuo e igual, a história ruma a dificuldade da vida, e como ela não é fácil como um filme. É o filme que passa mensagens para uma vida sem cair em clichês e na pieguice. Com uma direção suave e nunca histérica, ele desenvolve uma história de vida simples e emocionante.

Salvatore di Vitto (Salvatore Cascio) é um cineasta bem sucedido que recebe um telefonema de sua mãe, dizendo que Alfredo (Philippe Noiret) havia morrido e seu funeral seria no dia seguinte. Ao receber a mensagem, começa a se lembrar de sua juventude na pequena cidade Giancaldo, onde começou a amar o cinema pelas mãos do projecionista do Cinema Paradiso, Alfredo. Passando por diversos problemas, e crescendo com sempre Alfredo como seu grande amigo e influência, até mesmo quando encontra Elena, sua primeira paixão. Totó era seu apelido e sua cidade fora esquecida por sua pessoa, pois não voltava fazia trinta anos.

Aplaudam a Philippe Noiret, ele fora dublado, pois não fala italiano, somente sua língua nativa, o francês, e mesmo não tendo a liberdade de falar, consegue nos presentear com uma inesquecível atuação. Encarna perfeitamente o bom senhor Alfredo, uma pessoa maravilhosa e osso duro de roer. Ele é o grande atrativo nas atuações, mas Totó em todas suas fases está bem, principalmente quando criança, vivida por Salvatore Cascio, numa bela interpretação, com vivacidade e paixão, ele é uma figura marcante, sempre com destreza e fulgor. Todos estão bem desde Padre Adelfo a Elena, vibrantes, apaixonantes, transmitindo uma sensibilidade fora do comum, o que faz com que nos identifiquemos neles.

Aplaudam também a Ennio Morricone, o compositor deste filme. Ele consegue acompanhar perfeitamente, além de dar uma maior emoção ao filme. Esta é sua melhor trilha sonora, ao lado de "Era Uma Vez na América", assim como a de "Era Uma Vez no Oeste" e "A Lenda do Pianista do Mar", que são maravilhosas, mas não as melhores, e sim as segundas (apesar de ainda preferir "A Lenda do Pianista do Mar" a "Era Uma Vez
no Oeste"). Mas há uma coisa com Ennio Morricone, ele só consegue fazer trilhas excepcionais, e não há dúvida de sua capacidade e de que é o melhor compositor de trilhas sonoras ainda vivo.

Destaque também, para, vejamos… para tudo. O filme é perfeito, não há nada de ruim, tudo está perfeitamente sincronizado, os cenários, figurinos, tudo que é técnico. Sua notoriedade, clareza, beleza, brilhantismo… Tudo em relação ao filme está muito bem, não há quem possa dizer algo negativo do filme, e quem disser algo negativo do filme, é que não soube compreende-lo e é completamente insensível.

A perfeição das cenas faz com vivamos os contecimentos ocorridos, quem nunca pensou, estar no lugar de Totó enquanto ele esperava a decisão de sua amada, ou quando andava na bicicleta de Alfredo. Sempre a magnitude passada pelos acontecimentos do filme deixa aquele gosto de quero mais, e quem não se emociona nas cenas finais, e nos rolos deixados por Alfredo? Palmas para todos que participaram do filme. Vejam este filme, é lindo e impossível de não se gostar. Um dos meus filmes preferidos.

Crítica: Cinema com rapadura

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