segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

OldBoy

OldBoy é simplesmente um dos melhores filmes que vi nos últimos tempos. Visceral, perturbador, repleto de muita violência e sentimento de vingança, não é dos filmes mais agradáveis. Mas quem disse que a vida é agradável? OldBoy é daqueles socos na barriga que a gente teima em não querer levar, mas, quando leva, até que é bom. Isso porque esta produção coreana, assim como um soco, desperta sentimentos e, para mim, sentir algo ao ver um filme é primordial. Nem que seja aflição, raiva ou pena.


OldBoy é o segundo filme da trilogia da vingança dirigida por Chan-wook Park - a primeira é inédita no Brasil e chama Boksuneun Naui Geot (2002), enquanto a terceira não foi produzida ainda. O protagonista do segundo filme dessa série é Dae-su Oh (Min-sik Choi). Aparentemente odiável, é preso por um desafeto durante 15 anos em um quarto. Durante todo esse tempo, Dae-su só consegue pensar em quem fez aquilo e não consegue chegar a conclusão nenhuma. Aparentemente, dezenas de pessoas teriam motivos para prendê-lo. Enquanto está preso em um quarto com uma cama, uma mesa, uma TV e alguns cadernos, suas principais atividades são sofrer sessões de hipnose, escrever em um diário e treinar boxe nas paredes acompanhando os esportistas da TV.

De uma hora para outra, Dae-su é solto com algum dinheiro, roupas caras e um celular. Veja bem: este é só o começo da vingança que o aguarda. Sim, se você acha que quinze anos trancafiado é o suficiente, espere até ver o que essa pessoa quer fazer ao nosso anti-herói. 

O que ele passou no quarto não é nada. Não bastando, ele é acusado de matar a esposa e não sabe o paradeiro da filha que, aparentemente, está morando na Suécia. Solto, Dae-su sai à caça do homem que proporcionou esse interregno em sua vida. Para encontrar as respostas para tantas perguntas, o protagonista ganha a ajuda da jovem sushiwoman Mi-do (Hye-jeong Kang).

Pouca desgraça é bobagem em OldBoy. Quando você está aliviado pelo protagonista ter saído de seu cárcere, eis que a busca pelas respostas se torna mais angustiante. Além de despertar sentimentos tão ambíguos no espectador, o filme ainda traz uma fotografia fabulosa. Algumas cenas são antológicas - como aquela na qual o protagonista come um polvo ainda vivo e, também, a da luta em um corredor, provavelmente uma das melhores cenas de luta já feitas. Isso para citar só duas das muitas que ficam tatuadas na memória do espectador.

OldBoy é um filme humano, capaz de despertar os mais antagônicos sentimentos. Amor e ódio caminham sempre juntos nas situações e muitas surpresas que o roteiro guarda. Trata-se de um filme honesto, antes de tudo. Belíssimo, honesto e visceral. De tão controverso, é capaz de dividir platéias: uns amam - como o júri do Festival de Cannes, que escolheu este o melhor filme de 2003, e os produtores de Hollywood que estão preparando a refilmagem deste longa, que pode ter Nicolas Cage ou Russel Crowe no papel principal -, outros odeiam. Muita violência? Pode ser. Mas nada é gratuito e é importante pensar nisso antes de condenar OldBoy.

Se você é daqueles que só gosta de ver coisas felizes e saltitantes no cinema, não assista a OldBoy. Trata-se de um filme rancoroso, pesado, permeado por sentimentos que destroem qualquer pessoa. Mas tudo é feito de forma tão bela e inovadora que o filme, baseado em um mangá japonês homônimo, torna-se altamente recomendável.

Crítica: Angélica Bito/Cineclick



2 comentários:

  1. OldBoy é uma obra prima, que corre o risco de ter o nome manchado por um remake desnecessário idealizado pelos "hollywoodianos"... Lhe recomendo também "Lady Vingança" - http://sublimeirrealidade.blogspot.com/2011/05/lady-vinganca.html

    [Não é um polvo é uma Lula]

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  2. Ótimo texto. Curto muito seu blog, mas preciso fazer uma observação sobre sua afirmação a respeito da Trilogia. A terceira parte foi de fato produzida e é o filme que o rapaz do comentário anterior recomendou: Lady Vingança (Sympathy for Lady Vengeance). O dvd foi lançado no Brasil, juntamente com a primeira parte (Mr. Vingança), e se não me engano chegou a passar brevemente pelos cinemas brasileiros.

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