domingo, 18 de dezembro de 2011

Pulp Fiction

Quentin Tarantino, influenciando desde 1992. O ano em que Cães de Aluguel foi lançado foi um ano de revolução para a indústria cinematográfica. Toda a ordem e os clichês do cinema foram mudados por esse diretor, que faz a ordem cronológica como quer, faz mistérios atrás de mistérios, cria um outro mundo cheio de influências e alfinetadas com várias mensagens subliminares e consegue, de uma maneira tão estúpida, falsa e exagerada, fazer o irreal virar real. Pulp Fiction, um dos grandes filmes da década de 90, é tão bom que chega ser difícil acreditar que é segundo trabalho de um diretor independente. E foi tão comparado com clássicos como Laranja Mecânica e Psicose que virou um clássico sozinho, sem o sucesso do clássico que virou o diretor.

Vincent Vega (John Travolta) e Jules Winnfield (Samuel L. Jackson) são dois assassinos que trabalham para um gângster chamado Marsellus Wallace (Ving Rhames). No dia em que o chefão está fora da cidade, ele pede para que Vincent cuide da sua esposa Mia Wallace (Uma Thurman).

Paralelamente a essa história, está Butch Coolidge (Bruce Willis), um boxeador que é pago por Marsellus para perder a sua luta.Grande roteiro. Com a mesma fórmula de outros sucessos que ironizam a violência, mas com o estilo de Tarantino. O que ele faz com a cronologia da história é simplesmente brilhante e nunca me cansa. O modo em que ele divide as partes da história sempre se juntando no fim para dar razão a um acontecimento do começo. E sempre com os mínimos e os máximos detalhes. As cenas e os diálogos completam o grande ritual imprevisível de Tarantino, enquanto numa hora Travolta e Thurman dançam numa discoteca, na outra ele se vê obrigado a aplicar uma injeção de adrenalina para ressuscitá-la de uma overdose. Os diálogos são brilhantes, embora alguns beirem a loucura e outros sejam o auge da filosofia, todos se encaixam perfeitamente. A história do pai de Bruce Willis, por mais absurda que seja, foi fantástica ao meu ver.

A atuação é ótima, exatamente o que poderia se ter de um bando de atores como esses. John Travolta fez um ótimo papel, sem mais nem menos. Me surpreendeu numa atuação impecável. E Samuel L. Jackson não fica atrás dele. Toda vez que ele citava a Bíblia eu estremecia com a fervorosidade que ele colocava no papel. Como falei numa resenha de Kill Bill, Uma Thurman fez uma personagem memorável, embora fosse apenas uma participação coadjuvante. Bruce Willis não chegou ao ápice deles, mas foi uma boa atuação. A fotografia é belíssima, assim como os figurinos e a maquiagem. É Tarantino, fazer o quê?

Uma trama bem bolada que se entrelaça, cenas imprevisíveis cheias de cores e referências, uma frieza com relação à comédia e o riso em relação à violência, isso mais a falta de cronologia, a ordem histórica, os mínimos detalhes, a realidade colocada no surreal e a ironia usada para se tratar tudo, não há o que colocar defeito nessa pérola de Tarantino. 

Fonte: Crítica Mecânica /Gabriel Neves

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