sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Olhares

Todas as pessoas nas tardes, bebendo, fumando, trepando, e o mundo lá fora, punindo algumas delas, umas poucas que pensam, que olham e se unem na noite, no dia, nas tardes sombrias, muito sobre tudo, olhares, carpetes, tiranossauros e eu sem notar aqueles belos olhos que passavam e voltavam e diziam tudo sobre qualquer coisa que eu quisesse saber, templos, casas, bares, botecos, puteiros e prostitutas dançando as 4 no centro de São Paulo, arranhas céus e o próprio céu, que eu não conseguia definir que cor era, amarelo, vermelho, azul, vinho, branco, tinto, suave, me servia de mais um gole, meu corpo esquentava, não era febre, era a vontade de sair lá fora e gritar aos quatro cantos o que queria, eu não podia falar sobre isso, tudo me era proibido e eu não estava acostumado a quebrar as regras, ou eu faria vocês acreditarem nisso agora, por hora é o que eu precisava, que alguém acreditasse em mim, eu era um daqueles caras que era louco pra vomitar verdades que por muitas vezes eu mal acreditava, mentira, eu não era assim, andava e percebia que se eu andasse o dia inteiro, eu me cansaria, não da vida, mas minhas pernas pediriam clemência, eu só tinha duas, eu gostaria de andar até meus últimos dias, os caminhos que eu percorreria pouco me importava, mas eu queria andar por ai, sem me importar com as horas, e os relógios derreteriam como no surrealismo, bigodes, e barbas, ali e dali, dali eu via tudo que precisava ver, o mundo todo era pequeno diante dos meus olhos, estava no topo de um prédio, eu não era o King Kong, e os aviões não faziam aquela rota, eu não salvaria nenhuma loira hoje e não atirariam em mim, eu desci, o elevador demorava um tanto pra passar os andares, desci na metade do caminho e resolvi correr nas escadas, minhas pernas se cansaram quando eu estava próximo ao quarto andar, subi mais uma vez no elevador, e ouvi o barulho das suas engrenagens, não tinha ninguém ali, eu poderia fazer qualquer coisa, se eu morresse ali, me achariam horas depois babando como um cão com raiva, eu não a tinha, a raiva, ela tentava tomar conta de mim todas as noites, eu ligava o chuveiro, a água era a resposta para todas as respostas que os outros líquidos não me davam, o mundo acabaria em breve, mundo era como eu chamava minha garrafa de whisky, era o liquido que me dava prazer e que eu mijava todo ele depois, compraria mais mundos nas próximas horas, o que eu vivia não era tão interessante, não sempre, por vezes eu notava como as pessoas me olhavam, um tom de nojo e desprezo parecia tomar conta do corpo de cada uma delas e eu pouco me fodia para o que aconteceria daqui pra frente.

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