quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Fiódor Dostoiévski

Fiódor Mikhailovich Dostoiévski - Moscovo, 30 de Outubro c. juliano / 15 de Novembro de 1821 — São Petersburgo, 28 de Janeiro (c. juliano) / 9 de Fevereiro de 1881) – ocasionalmente grafado como Dostoievsky – foi um escritor russo, considerado um dos maiores romancistas da literatura russa e um dos mais inovadores artistas de todos os tempos. É tido como o fundador do existencialismo, mais frequentemente por Notas do Subterrâneo, descrito por Walter Kaufmann como a "melhor proposta para existencialismo já escrita."

A obra dostoievskiana explora a autodestruição, a humilhação e o assassinato, além de analisar estados patológicos que levam ao suicídio, à loucura e ao homicídio: seus escritos são chamados por isso de "romances de ideias", pela retratação filosófica e atemporal dessas situações. O modernismo literário e várias escolas da teologia e psicologia foram influenciadas por suas ideias.

Dostoiévski logrou atingir certo sucesso com seu primeiro romance, Pobre Gente, que foi imediatamente muito elogiado pelo poeta Aleksandr Nekrassov e por um dos mais importantes críticos da primeira metade do século XIX, Vladimir Belinski. Porém, o escritor não conseguiu repetir o sucesso até o retorno à Sibéria, quando escreveu o semibiográfico Recordações da Casa dos Mortos, sobre a prisão que sofrera. Posteriormente sua fama aumentaria, principalmente graças a Crime e Castigo.

Seu último romance, Os Irmãos Karamazov, foi considerado por Sigmund Freud como o melhor romance já escrito. Perigoso, segundo Stálin, até 1953 o currículo soviético para estudos universitários sobre o escritor o classificava como "expressão da ideologia reacionária burguesa individualista". Segundo ele mesmo, seu mal era uma doença chamada consciência. A obra de Dostoiévski exerce uma grande influência no romance moderno, legando a ele um estilo caótico, desordenado e que apresenta uma realidade alucinada.

Biografia
Fiódor foi o segundo dos sete filhos nascidos do casamento entre Mikhail Dostoyevski e Maria Fedorovna. A mãe do escritor morreu quando ele ainda era muito jovem, de tuberculose, e o pai, o médico Mikahil Dostoievski, pode ter sido assassinado pelos próprios servos, que o consideravam autoritário. Alguns biógrafos afirmaram que foi quando Dostoievski teve sua primeira crise epilética, fato disputado pelos seus atuais estudiosos, principalmente Joseph Frank.

É aceito hoje por alguns biógrafos, porém sem provas concretas, que o doutor Mikhail Dostoiévski, seu pai, foi assassinado pelos próprios servos de sua propriedade rural em Daravói, indignados com os maus tratos sofridos.

Tal fato teria exercido enorme influência sobre o futuro do jovem Fiódor, que desejou impetuosamente a morte de seu progenitor e em contrapartida se culpou por isso, fato que motivou Freud a escrever o polêmico artigo Dostoiévski e o Parricídio. Freud é muito criicado por alguns estudiosos por ter escrito seu ensaio baseado em rumores, sem uma pesquisa profunda sobre a vida de Dostoiévski.

Joseph Frank apresenta documentos médicos que atestam que Mikhail Dostoiévski morreu, na verdade, de uma apoplexia, e os boatos em contrário foram propagados para diminuir o preço da propriedade dos Dostoiévski, pela qual um vizinho mostrava interesse.

Estilo
Dostoiévski necessitava de dinheiro e sempre fora apressado em concluir suas obras, por isso disse não conseguir realizar seu pleno poder literário. Mais tarde, por saber bem o que as seguintes palavras significavam, disse: "A pobreza e a miséria formam o artista."Embora a frase pareça abrangente e generalizada, Fiódor costumou desviar-se do estilo de escritores que descreviam o círculo da família moldados na tradição e nas "belas formas", e engendrou no caos familiar os que humilhavam e insultavam. Essencialmente um escritor de mitos (e às vezes comparado por isso a Herman Melville), criou um trabalho com uma enorme vitalidade e de um poder quase hipnótico, caracterizado por cenas febris e dramáticas, onde os personagens apresentam comportamento escandaloso, e atmosferas explosivas, envolvidas em diálogos socráticos apaixonados, a busca de Deus, do mal e do sofrimento dos inocentes.

Seus romances ocorrem em um período curto (por vezes apenas alguns dias), o que permite ao autor fugir de uma das características dominantes da prosa realista: a degradação física que ocorre ao longo do tempo. Seus personagens encarnam valores espirituais que são, por definição, atemporais. Outros temas recorrentes em sua obra são suicídio, orgulho ferido, a destruição dos valores familiares, o renascimento espiritual através do sofrimento, a rejeição do Ocidente e da afirmação da ortodoxia russa e o czarismo.

Estudiosos como Mikhail Bakhtin têm caracterizado o trabalho de Dostoiévski como diferente de outros romancistas; ele parece não aspirar por uma visão única e vai além da descrição sob diferentes ângulos, caracterizando-o como romance polifônico. Dostoiévski engenhou romances cheios de força dramática em que os personagens e os opostos pontos de vista são realizados livremente, em violenta dinâmica.

O espaço e o tempo em Dostoiévski são analisados às vezes como "discretos, onde o inesperado não apenas é possível como também sempre se realiza". Através da minimização do tempo de passagem, onde os fatos aparecem de forma de repente, o instante ganha o tempo e logo depois relaxa, desaparecendo nas cenas. Certos autores comparam o tempo e o espaço em Dostoiévski com cenas cinematográficas: o uso constante da palavra russa vdrug (de repente), que aparece 560 vezes na edição russa de Crime e Castigo, tem a proposta de levar ao leitor a impressão de tensão, de desigualdade e de nervosismo, elementos característicos da estrutura do romance dostoievskiano.

Além da palavra vdrug em Crime e Castigo, a literatura de Dostoiévski utiliza muito os números, às vezes usando-os com extrema precisão: a dois passos...., duas ruas a direita, como também usa números elevados e redondos (100, 1000, 10000). Acredita-se que esses elementos são "mitopoéticos": Crime e Castigo possui sete partes (6 partes e o epílogo), sendo que, na composição do romance, ele é dividido em 7 capítulos (cada parte), e a "hora fatídica" é indicada como depois das 7.

Na literatura dostoievskiana, o processo de evolução da humanidade se dá pela repetição de dificuldades e ocasiões, e também pelo uso da memória e da lembrança, por mais infernal que tudo isso possa parecer ao personagem.

Fiódor publicou inúmeros contos: O Mujique Marëi, O Sonho de um Homem Ridículo, Bobock e outros, além de novelas: O Senhor Prokhartchin, A Dócil, O Homem Debaixo da Cama, Uma História Suja, O Pequeno Herói, Uma Criatura Gentil, Coração Fraco e Noites Brancas. Criou duas revistas literárias: Tempo (Vrêmia) e Época, colaborando ainda nos principais órgãos da imprensa russa.

Romances
1846 - Bednye lyudi (Бедные люди); Em Português: Gente Pobre
1846 - Dvoinik (Двойник. Петербургская поэма); Em Português O Duplo: Poema de Petersburgo
1849 - Netochka Nezvanova (Неточка Незванова); Em português: Niétochka Nezvánova
1859 - Dyadyushkin son (Дядюшкин сон); Em Português: O Sonho do Tio, ou O Sonho de Titio, ou o Sonho do Príncipe
1859 - Selo Stepanchikovo i ego obitateli (Село Степанчиково и его обитатели); Em Português: Aldeia de Stiepantchikov e seus Habitantes ou A vila de Stepanhchikov e seus habitantes.
1861 - Unijennye i oskorblennye (Униженные и оскорбленные); Em Português: Humilhados e Ofendidos
1862 - Zapiski iz mertvogo doma (Записки из мертвого дома); Em Português: Recordações da Casa dos Mortos ou Memórias da Casa Morta
1864 - Zapiski iz podpolya (Записки из подполья); Em Português: Memórias do Subsolo, Notas do Subterrâneo, A Voz do Subsolo, Cadernos do Subsolo
1866 - Prestuplenie i nakazanie (Преступление и наказание); Em Português: Crime e Castigo
1867 - Igrok (Игрок); Em Português: O Jogador
1869 - Idiot (Идиот); Em Português: O Idiota
1870 - Vechnyj muzh (Вечный муж); Em Português: O Eterno Marido
1872 - Besy (Бесы); Em Português: Os Demônios ou Os Possessos
1875 - Podrostok (Подросток); Em Português: O Adolescente
1881 - Brat'ya Karamazovy (Братья Карамазовы); Em Português: Os Irmãos Karamazov

Novelas e contos
1846 - Gospodin Prokharchin (Господин Прохарчин); Em Português: Senhor Prokhartchin
1847 - Roman v devyati pis'mahh (Роман в девяти письмах); Em Português: Romance em Nove Cartas
1847 - Khozyajka (Хозяйка); Em Português: A Senhoria ou A Dona da Casa
1848 - Polzunkov (Ползунков); Em Português:Pol'zunkov
1848 - Slaboe serdze (Слабое сердце); Em Português: Coração Fraco
1848 - Tchestnyj vor (Честный вор); Em Português: O Ladrão Honesto
1848 - Elka i svad'ba (Елка и свадьба); Em Português: Uma Árvore de Natal e Uma Boda
1848 - Tchujaya jena i muj pod krovat'yu (Чужая жена и муж под кроватью); Em Português: [[O homem debaixo da
cama]] ou A Mulher Alheia e o Homem Debaixo da Cama
1848 - Belye nochi (Белые ночи); Em Português: Noites Brancas
1849 - Malen'kij geroi (Маленький герой); O Pequeno Herói
1862 - Skvernyj anekdot (Скверный анекдот); Uma História Suja ou Uma História Lamentável
1865 - Krokodil (Крокодил); Em Português: O Crocodilo
1873 - Bobok (Бобок); Em Português:Bóbok
1876 - Krotkaia (Кроткая); Em Português: Uma Criatura Gentil, também A Dócil, A Meiga, Ela era doce e humilde e Ela.
1876 - Mujik Marej (Мужик Марей); Em Português: O Mujique Marei
1877 - Son smeshnogo tcheloveka (Сон смешного человека); Em Português: O Sonho de um Homem Ridículo

Não ficção
1863 – Ziminie Zamietki o lietnikh vpyetchatleniiakh (Зимние заметки о летних впечатлениях); Em Português: Notas de Inverno sobre Impressões de Verão
1873 – 1878 Dnievnik pissatelia (Дневник писателя); Em Português: Diário de um Escritor

Cartas
Suas cartas foram publicadas postumamente em antologias diversas.

Fonte: Wikipidea

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