O Fabuloso Destino de Amelie Poulain,
de Jean Pierre Jeunet
Le fabuleux destin d'Amélie Poulain, França, 2001
A "dramédia" romântica "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" foi concebida para encantar e saciar os sentidos do espectador. Cineasta autodidata afeito ao onírico e ao plástico desde os tempos em que estreou em parceria com o pintor Marc Caro com "Delicatessen", Jean-Pierre Jeunet enche aqui olhos, ouvidos e neurônios com uma dose colossal de informações, consagrando de vez seu estilo gótico e surreal.
Sua cartilha estética encontrou neste roteiro co-escrito por ele um campo vasto para explorar o potencial da tecnologia de última geração e também para desafiar os limites da resposta emocional do espectador. As cores belas e intensas são muitas, em fascinantes e voluptuosos movimentos de câmera e apurado tratamento digital; a trilha sonora "de carrossel" de Yann Tiersen faz oposição ao adágio para cordas de Samuel Barber; o ritmo frenético alucina a história; e a química entre os atores Audrey Tautou, como a carismática personagem-título, e Mathieu Kassovitz, como Nino Quincampoix, conquista empatia: somados, estes elementos mais do que explicam o inquestionável sucesso internacional dessa empreitada pessoal minuciosamente armada por Jeunet.
Boa parte da fama da obra, porém, deve ser creditada a Tautou, cujo jeito faceiro e "mignon", num cruzamento de Audrey Hepburn com Anouk Aimée, combina à perfeição com o clima de conto de fadas, que é incrementado ainda pela narração em off do ator André Dussollier. O mundo de Jeunet é envolvente e imprevisível, absurdamente francês e feito de inúmeras reminiscências biográficas. Seu grande feito como artista, portanto, é transformar este caldeirão de idéias e referências num espetáculo de tranqüila degustação.
"Amélie Poulain" é cinema em seu mais sedutor. O projeto deu certo, tanto que Jeunet voltou a se associar com Tautou no igualmente elogiado "Eterno Amor" .
Fonte: Dvdteca Folha
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