sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Pedro Juan Gutiérrez

Pedro Juan Gutiérrez (Matanzas, 1950) é um escritor, pintor e jornalista cubano. É reconhecido internacionalmente como um dos escritores mais talentosos da nova narrativa cubana.
Começou a trabalhar aos onze anos, como vendedor de sorvete e de jornal. Foi soldado sapador durante quase cinco anos, instrutor de natação e caiaque, cortador de cana-de-açúcar e trabalhador agrícola de 1966 a 1970, técnico em construção, desenhista técnico, locutor de rádio e, durante 26 anos, jornalista. É pintor, escultor e autor de vários livros de prosa e poesia. Atualmente, vive em Havana e dedica-se exclusivamente à literatura e à pintura.

Bibliografia
Livros
Trilogia Suja de Havana (1998)
O Rei de Havana (1999)
Animal Tropical (2000)
O Insaciável Homem-aranha (2002)
Carne de cão (2003)
Nosso GG em Havana (2004)
O Ninho da Serpente: Memórias do Filho do Sorveteiro (2005)
Coração Mestiço (2007)

Contos
Melancolia dos leões (2000)

Poesia
Esplendidos peces plateados
Fuego contra los herejes
Yo y una lujuriosa negra vieja
Lulú la perdida y otros poemas de John Snake
Morrer em Paris.

Premiações
Animal tropical (galardoado com o Prêmio Afonso García-Ramos de Romance 2000, na Espanha, atribuido conjuntamente pelo Cabildo de Tenerife e Editorial Anagrama) e, Carne de cão (ganhador do prêmio no Italia Narrativa Sur del Mundo).

Citações
Sexo não é para gente escrupulosa. Sexo é um intercâmbio de líquidos, de fluidos, de saliva, hálito e cheiros fortes, urina, sêmen, merda, suor, micróbios, bactérias. Ou não é?

Sempre vivi como se fosse interminável. Quero dizer que destruo tudo continuamente (...) Talvez seja o hábito de não cultivar, não guardar, não prever.Pouco a pouco foi aumentando o peso sobre minhas costas. Escombros demais.Dessa forma, adquiri o costume de me aproveitar de tudo e de todos. Um maldito senso pragmático da vida. Passo a vida fazendo contas. Calculando quanto entrego e quanto me dão em troca. Eu achava que era um cara bom, mas essa mania de matemática me fez ficar desolado, virei terra. Daí apareceu uma bela garota em minha vida, que focalizou em mim seus olhos e me passou uma mensagem telepática de amor. E eu acreditei.Tinha de acreditar. Quando a gente se sente tão sozinho capta muito rapidamente uma mensagem assim e a leva com cuidado até o coração e a deposita ali e se entusiasma e acredita que já está tudo resolvido."

Enfim, esses ciúmes de mulher. Que eu nunca entendo porque são polvilhados de um egoísmo vulgar, de bolero barato. Só se deve ter ciúme do que vale a pena, do que é verdadeiramente importante. Não devemos desgastar-nos sentindo ciúme de tudo. Mas as mulheres não pensam assim. São capazes de sentir ciúme do ao mesmo tempo e com igual intensidade e veemência do marido, do amante, e de dois namorados. Têm muita habilidade para a vida. Ou muito sentido pragmático.

Sou um sedutor. Eu sei. Assim como existem os alcoólicos irrecuperáveis, os jogadores, os viciados em cafeína, em nicotina, em maconha, os cleptomaníacos etcétera, sou viciado em sedução. Às vezes o anjinho que tenho dentro de mim tenta me controlar e diz assim: 'Não seja tão filho-da-puta, Pedrito. Não percebe que está fazendo essas mulheres sofrerem?'. Mas aí aparece o diabinho e o contradiz: 'Vá em frente. Elas ficam felizes assim, nem que seja só por um tempo. E você também fica feliz. Não se sinta culpado'. É um vício. Sei que a sedução é um vício igual a outro qualquer. E não existe nenhum Sedutores Anônimos. Se existisse, talvez pudessem fazer algo por mim. Se bem que não tenho certeza. Seguramente eu inventaria pretextos para não comparecer a suas sessões e ter de ficar lá na caradura na frente de todo mundo, botar a mão na Bíblia e dizer serenamente: 'Meu nome é Pedro Juan. Sou um sedutor. E faz hoje vinte e sete dias que não seduzo ninguém'.

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